REFLEXÕES DA GROTA # 030
Todos nós, cada um ao seu modo, é, ao mesmo tempo, um
representante típico de certas tendências gerais que se fazem presentes na
sociedade atual e um tipo representativo de forças históricas que agem,
movimentam e agitam o tempo em que vivemos. A questão que não cala diante disso,
mesmo que queiramos silenciá-la, é sabermos que tendências e forças são essas
que, de certo modo, encarnamos e que nos movem. Se não somos capazes de
identifica-las, gostemos ou não, isso seria um claro sinal de que somos apenas
um instrumento nas mãos de alguém ou de algo que instrumentaliza a nossa
idiotia [depre]cívica travestida de criticidade.
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As disputas políticas numa sociedade de massas, no fundo,
não passam de contendas entre seitas políticas que procuram impor seus ídolos
de barros, juntamente com suas doutrinas e crenças de vento, para que as
multidões desavisadas possam ser convertidas a meros pagadores de tolas
promessas para pregadores de falsas profecias.
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Além do bem e do mal há apenas a indiferença fria que mutila
e sufoca o bem em nome das aparências fúteis de “bondade” e “pureza” que sempre
acabam fortalecendo o mal em seu estado bruto e cínico que se apresenta
invariavelmente fantasiado com as pompas das boas intenções.
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Acho engraçada – pra não dizer outras merdas - a forma como
muitas pessoas tratam as questões que versam sobre assuntos religiosos e a respeito
da existência de Deus; digo isso, pois, muitíssimas, essas alminhas referem-se
a essas questões como se fossem apenas uns reles adereços sociais, adornos
utilizados pelas pessoas de todos os tempos como meras conveniências pra
parecer bonitinho na fita. Dificilmente, para não dizer nunca, tais pessoas se
perguntam sobre a radicalidade que tais conhecimentos e indagações nos remetem.
Dificilmente mesmo.
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Da mesma forma que nos enganamos em assuntos de segunda
ordem, como as escolhas políticas, decisões econômicas e problemas do dia a
dia, também cometemos erros frente a questões de primeira ordem, como as que se
referem a existência de Deus, a ordem da criação e o sentido último da vida. O
problema é que, na maioria das vezes, levamos com muitíssima seriedade as
questões secundárias e, por isso, nos irritamos profundamente se estivermos
equivocados; agora, quanto aos assuntos que envolvem as questões de primeira
grandeza, na maioria das vezes, não estamos nem aí; e é justamente aí que
reside toda a desventura do homem moderno.
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Um dos grandes erros, para não dizer o maior erro, que é
fomentado pelo multiculturalismo é que ele apresenta todos os valores e crenças
como se tivessem, perante toda a humanidade, e frente a eternidade, a
mesmíssima importância e validade. Procedendo assim, sem querer querendo,
acaba-se por nivelar a perspectiva de realização do ser humano, da nossa
realização, não ao patamar do que há de mais elevado e que fora gestado e
parido pelos povos de todas as eras, mas sim, ao nível daquilo que há de mais
baixo e vil que foi concebido pelas gentes de todos os tempos.
Escrevinhado em 24 de
outubro de 2019,
por Dartagnan da Silva
Zanela,
diretamente Do Fundo da
Grota.
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