REFLEXÕES DA GROTA # 019
Sinceridade é fundamental para nos tornarmos gente. Não digo
que devemos ser sinceros em tudo e o tempo topo para com qualquer um. Não é
isso. Aliás, agir assim seria apenas uma forma de suicídio social. Sem falar
que em muitas circunstâncias devemos mentir por piedade e, creio eu, que não há
necessidade de descrever e explicar as circunstâncias em que isso seria
apropriado. Dito isso, sigamos com o baile: a sinceridade, radical e
fundamental, que devemos cultivar para nos tornar gente, é aquela que
manifestamos, em nosso íntimo, para conosco mesmo. Se não somos capazes de
dizer a verdade, toda ela, no silêncio insoldável da nossa consciência, é
porque não somos capazes de agir de forma realmente consciente, verdadeira e
boa, para com nossos semelhantes e diante do olhar onisciente do Criador.
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A procura por aprovação social é um trem que, sutilmente,
vai corroendo a inteligência do sujeito, ao mesmo tempo em que vai lhe dando a
impressão de que, supostamente, estaria ficando cada vez mais sabido; e, assim
o é, simplesmente porque um punhado de pessoas, tão aturdidas quando ele,
estariam aplaudindo-o, efusivamente, por causa dos disparates ditos por sua
pessoa. Bobagens estas que são ditas não com o intento de descrever o que seus
olhos estão vendo, mas sim, movido pelo desejo de afagar os ouvidos da
galerinha duma panelinha qualquer. Resumindo: quem procura ser aprovado pelos
outros não está preocupado com o conhecimento da verdade; o que esse tipo de
caboclo quer é não sentir-se sozinho [tadinho], tamanha a debilidade de sua
personalidade frente as tenções que compõem a realidade. Debilidade esta que
vai, gradativamente, corroendo seu caráter de dentro pra fora.
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Não queiramos dizer o que as coisas são. Procuremos nos
esforçar para permitir que as ditas cujas se revelem para nós como elas, de
fato, são. Agora, se insistimos, soberbamente, em ficarmos dizendo o que as
coisas [supostamente] são, ou deveriam ser, a partir de impressões imprecisas
mal interpretadas, podemos até, quem sabe, conquistar os aplausos – e os likes
– duma montoeiras de abestados como nós, porém, estaremos nos distanciando, a
passos lagos, do conhecimento da realidade porque, admitamos ou não, se assim
agimos, estamos muito mais preocupados com a nossa imagem do que com a presença
da realidade que clama por ser compreendida; que suplica para que não mais a
desprezemos como tão frequentemente fazemos.
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Se um caboclo vem pro teu lado falando da importância da dita
cuja da cultura, mais do que depressa, saque dum bom rolo de papel higiênico,
porque ele será necessário. Agora, se ele insistir por esse caminho e começar a
falar na tal da alta cultura, como se fosse um [suposto] representante da
abençoada - sem antes ter aprendido, ao menos, a fazer a própria barba - de
imediato procure os serviços dum caminhão limpa fossa porque, neste caso em
particular, merda pouca é bobagem, muiiita bobagem.
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Não mintamos para nós mesmos. Mentir diante do tribunal da
nossa consciência é algo tão estúpido e perigoso quanto mentir diante de Deus.
Aliás, esse fundo insubornável do nosso ser, que é a dita cuja da consciência,
nada mais é que o olhar onisciente de Deus que habita em nós. Logo, tome tento,
vire gente e pare com essa mania besta de querer tapar o sol da consciência com
a peneira do auto-engano.
Escrevinhado em 10 de
outubro de 2019,
por Dartagnan da Silva
Zanela,
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