REFLEXÕES DA GROTA # 015
Definitivamente, o brasileiro, como dizia Nelson Rodrigues,
tem alma de feriado. O feriado, na cabeça e no coração de muitos, acaba sendo o
bem mais elevado que é ansiado por seus corações. Não é à toa que o Brasil é um
país triste. Sim, sei, estou sabendo que nós, brasileiros, adoramos uma boa
festa e, se possível for, que ela nunca acabe; e é bem por isso que somos um
país infeliz; porque, reconheçamos ou não, todo aquele que rir de tudo, que faz
questão de externar seu contentamento para que todos possam ver, não o faz por
estar transbordando felicidade, mas sim, para tentar disfarçar o seu
inconfessável desespero.
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O problema não está em sermos contraditórios. As
contradições integram a vida humana como fios que compõem um tecido. O
problema, meu caro Watson, é como lidamos com as nossas contradições e o que
fazemos com elas.
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E o Flávio Bolsonaro? Fazendo molecagem no senado. O senado
não é lugar para ficar de sacanagem piá do céu. Não é? Ou é? Eita! Agora não
sei mais. Bem, seja como for, não era para sua pessoinha estar fazendo as
traquinagens que está traquinando; não é, suponho eu, o que o papai dele
esperava. Talvez seja o que o Queiroz - que não é Eça e nem português -
esperava do rapaz; provavelmente seja o que seus adversários querem que sua
excelência faça, mas, definitivamente, não é o que ele deveria estar fazendo
para, ao final, não ter de sair pela porta dos fundos da história de nosso
triste país.
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A Amazônia continua em chamas? Não mais. O fogo foi
controlado [hum, o fogo foi controlado...], e setembro fechou tendo o menor
número de focos de incêndio desde 2013. Sim, o fogo está sob controle, mas a
histeria coletiva continua largada e desvairada. É. Pois é. Doideiras das
doideiras, tudo nesse triste pais é pura doideira.
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A proximidade do poder perverte o caráter; digo, revela-o. A
perda dele também. Tanto a obtusidade de quem tem em suas mãos o dito cujo do
poder, quanto à histeria raivosa de quem o perde, acaba sempre revelando muito
a respeito da alma humana. Da nossa alma.
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Coletividade alguma tem, em si, autoridade intelectual e
moral. É o indivíduo quem pode tê-la. É a personalidade bem constituída que,
muitas vezes, projeta sobre uma coletividade alguma autoridade dessa ordem e,
na maioria das vezes, essa coletividade, por não conseguir deixar de ser
manada, acaba não sendo digna dela e, muitíssimas vezes, ao invés de
inspirar-se nela, acaba justificando todas as suas mediocridades com ela.
Escrevinhado em 03 de
outubro de 2019,
por Dartagnan da Silva
Zanela,
diretamente do Fundo da
Grota – http://zanela.blogspot.com/
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