REFLEXÕES DA GROTA # 012



O caboclo pode ser inteligentinho e fazer pose de diplomado e sabido; pode ser bonitinho, fofinho e cheiroso; por ser rico, bem-sucedido profissionalmente e o caramba a quatro; o caipora pode ser tudo isso e tudo mais, mas se o sujeitinho não tiver um pingo de integridade e vergonha nas ventas, ele não vale merda nenhuma, nem mesmo aquela que ele caga.

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Quem não deve, não teme. Assim reza a sabedoria popular. Porém; porém, quem tem o fiote sujo vive com os fundilhos colados contra a parede da impunidade. “Sacumé”, vai que alguém resolve investigar e acabe, sem querer querendo, descobrindo a fonte do fedor que infesta os ares da nossa triste república, não é mesmo? Não é? Mas é claro que é seu sujinho engomadinho [mal] acostumado a ser tratado como excrecência, digo, excelência. Claro que é bem assim. Seja na ilha da fantasia de Brasília, ou nas cercanias dos poderes estaduais ou mesmo nos pagos municipais, o que mais temos é gente fazendo posse de “otoridade” [e é cada "otoridade"], ao mesmo tempo em que tentam disfarçar o seu putrefaz rastro odorífero.

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Água mole em pedra dura tanto bate até que desiste, segue seu rumo e esquece a rochosa [cabeça] dura que, por ironia do destino, acabará mudando de forma e de lugar sem querer e sem saber porquê.

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A pior forma de idolatria que há - que acaba nos desencaminhado para os tortuosos carreiros da apostasia - é a adoração do ser humano e o culto desse trem fuçado chamado de humanidade. Quando erramos o caminho e pegamos esse atalho, sem querer querendo, terminamos por inverter toda a ordem da hierarquia dos valores, destronando Deus de nosso coração e colocando nossa vaidade em seu lugar para, como direi, reordenar a realidade, movido pelo desejo de querer que o mundo torne-se a imagem e semelhança de nós mesmos. Não é à toa que na atualidade estamos a testemunhar tantas e tantas absurdidades. Não é à atoa mesmo.

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Pouco importa se nós cremos ou não na existência de Deus. Essa, definitivamente, não é a grande questão. O que, de fato, é a questão das questões é que Deus existe, independente se cremos ou não Nele.

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Lembre-se sempre, cara pálida, que o impulso que nos leva a pecar não é o mesmo que nos move a nos arrepender de termos pecado. Entenda, criatura, que há em nosso íntimo inúmeros impulsos contraditórios e que isso é parte integrante da condição humana; que é nosso dever procurar ordená-los em nosso coração.

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O grande problema daqueles que advogam em favor desse trem fuçado que se convencionou chamar de “diversidade cultural” é que esses indivíduos compreendem a cultura como se fosse fundamentalmente, tão só e simplesmente, um adorno, um assessório bonitinho para personalidades de papelão pintado com tinta guache. Eles não conseguem compreender que a cultura, antes de qualquer coisa, é uma ponte que pode auxiliar as pessoas a entrarem em contato com as realidades primeiras da vida, ou sorrateiramente desviá-las destas. Se tais pessoas compreendessem isso, entenderiam em dois palitos o quanto que é cafona [e perigoso] achar tudo o que se apresenta como exótico, moderninho e politicamente correto como se fosse o trem mais fofo e bonitinho deste mundo.

Escrevinhado em 25 de setembro de 2019,
por Dartagnan da Silva Zanela
diretamente do Fundo da Grota: http://zanela.blogspot.com/



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