REFLEXÕES DA GROTA # 028


Tem gente que passa a vida toda dedicando-se a uma mesma tarefa e, mesmo assim, continua sabendo patavina nenhuma sobre os paranauês que dedicou tanto tempo da sua existência.

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Deveríamos plantar alguma coisa, nem que fosse um grãozinho de feijão num potinho com algodão, para lembrarmos que a maioria das coisas vive, e existe, num ritmo bem diferente daquele que é ditado pela velocidade do clique dum botão.

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Ensina-nos o velho ditado popular que a pressa é inimiga da perfeição. Certíssimo. Logo, o mundo moderno, com seu afã desmedido por velocidade e inovação, está condenado a naufragar num mar de equívocos paridos por alicerçar-se na volúpia da efemeridade.

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Literalmente, cada vez mais e mais, o homem moderno rejeita, com todas as forças de seu minguado ser, a procura abnegada e amorosa pela verdade. No fundo e na real, o que a grande maioria deseja é sentir-se segura, ao mesmo tempo em que se fia à procura pelas últimas novidades o que, sem querer querendo, acaba semeando em seu instável coração uma tremenda ansiedade, agrilhoando-o num infindável círculo vicioso.

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É praticamente impossível encontrarmos um mínimo de equilíbrio se nos entregamos levianamente à efemeridade dos momentos insípidos da vida moderna.

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Um homem que não tem um porto seguro em seu coração para norteá-lo em sua jornada por esse mar tenebroso, que é o mundo contemporâneo, está condenado a vagar sem rumo.

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A culpa por nossas escolhas equivocadas é nossa e de mais ninguém. Sempre. Podemos, se desejarmos, jogar nossos erros na paleta dos outros, nas costas do sistema e, inclusive, podemos descarrega-la na caçamba de forças remotas e impessoais; e, se fizermos isso, sejamos francos, poderemos até, quem sabe, desfrutar de algum alívio momentâneo, porém, não resolveremos problema algum, nem responderemos as questões fundamentais que nos levaram a cair e nos esborrachar. Por isso, penso que é, sempre, bom lembrarmos que, apesar de tudo e de todos, grande parte da culpa é todinha nossa, pois, ao fazermos isso, estaremos chamando a responsabilidade para nós mesmos o que, por sua deixa e, ao seu modo, é algo profundamente libertador na maioria dos casos.

Escrevinhado em 24 de outubro de 2019,
por Dartagnan da Silva Zanela,
diretamente do Fundo da Grota.

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