REFLEXÕES DA GROTA # 018
Viver, amiguinho, é colocar o seu na reta; é correr o risco
de fracassar de maneira retumbante. O sucesso, em nosso peregrinar por esse
vale de lágrimas, é apenas um momento efêmero que, em muitos casos,
infelizmente, acaba por nos enfeitiçar e termina nos arrastando para longe da
realidade, nos afastando da trilha pedregosa da vida que nos leva a realização
da nossa existência para, logo em seguida, nos atirar de cara no chão quente
das areias do deserto niilista que, com suas dunas movediças, invade os quatro
cantos do mundo atual e, sorrateiramente, fica rondando o nosso coração para tentar
invadir o âmago do jardim da nossa alma para nos amesquinhar sem dó ou piedade.
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A verdade é como a luz, por isso, o seu excesso ao invés de
nos ajudar a enxergar com clareza, acaba nos cegando. Quer dizer, não é bem
assim. Na real, a verdade é fundamentalmente boa e, por isso mesmo, não pode
nos fazer mal algum. O problema é que nossos olhos, enquanto janelas de nossa
alma, não suportam toda a sua formosura; e, por não serem minimamente puros e
dignos para contempla-la, as meninas de nossas vistas ardem e doem pra caramba
frente a majestade da luz da verdade, da mesma forma que nosso coração que,
pela mesmíssima razão, não suporta a presença esplendorosa da verdade, por
estar demasiadamente acostumado e apegado a toda ordem de enganos e mentiras;
apegado às mentiras fundamentais de nossa porca existência.
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Pressa e ansiedade não combinam com a procura sincera pela
verdade. Não combinam não. A procura pelo conhecimento da verdade exige
paciência e humildade. A pressa, por sua deixa, sinaliza a presença das ditas
cujas da soberba e da vaidade em nossa alma. Por essa razão, e por muitas
outras, que no mundo atual a estupidez abunda, soberbamente fantasiada de
criticidade.
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No mundo atual, muitas pessoas gostam de dizer que estão com
a verdade sem, necessariamente, tê-la procurado e isso, é muito feio. Feio pra
caramba. Outros, mais atordoados, juram de pés juntos, que suas palavras são verdadeiras,
ao mesmo tempo em que insistem em dizem que tudo, tudinho é relativo, menos, é
claro, aquilo que eles defendem histericamente. Estupidez das estupidezes, tudo
nas mentes que se autoproclamam criticamente críticas, não passa disso: dum
amontoado de clichês relativamente absolutos e, por isso mesmo, delirantes.
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A maioria absoluta, para não dizer a totalidade das tretas
que pululam o pútrido universo das redes sociais – e que tem suas raízes
deitadas profundamente no gelatinoso coração humano – não valem nem mesmo um
peito inodoro. Não mesmo.
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Se me perguntassem quais foram as coisas mais estúpidas que
vi nesse ano de 2019, confesso que a lista não seria nem um pouco pequena.
Agora, se me perguntassem qual foi a mais estúpida de todas, com certeza diria
que foi aquela bobagem do “janeiro peludo”. Literalmente esse foi um trem
tremendamente estúpido que só poderia ser concebido por pessoas criticamente
desocupadas.
Escrevinhado em 09 de
outubro de 2019,
por Dartagnan da Silva
Zanela,
diretamente do Fundo da
Grota – http://zanela.blogspot.com/
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