MAQUIAVEL MATEANDO NA GROTA


Muitos se escandalizam com os traidores que aparecem aqui e ali; rasgam suas vestes quando veem antigos companheiros mudarem de lado sem uma justificativa que dê para engolir.

Tal escândalo é justo, tendo em vista que isso é feio pra caramba, porém, vale lembrar que, feliz ou infelizmente, tais trairagens fazem parte das lides políticas miúdas desde a primavera dos tempos.

Desde que o mundo é mundo, boa parte das pessoas que se engalfinham nas disputas rasteiras pelo poder, não se aliam a Fulano tão só e simplesmente por aquilo que o dito cujo defende, ou por causa do brilho cintilante dos seus olhinhos.

Na maioria acachapante dos casos, as pessoas aliam-se a Fulano porque querem muito, muitíssimo, derrotar Beltrano e, por isso mesmo, tal pacto parece-lhe, num dado momento, muito mais vantajoso para realizar esse intento, justo ou não.

Doravante, logo que Beltrano é derrotado, tchã tchã, os aliados de ocasião, oportunistas profissionais, de ontem, saltam longe da barca e mudam sua estratégia mesquinha de luta.

Aliás, como a muito nos lembra o velho Nicolau Maquiavel e bem como o general chinês Sun Tzu, os aliados de ontem, facilmente podem vir a ser os inimigos de hoje, e vice-versa.

Sim, isso é feio e nojento, mas é assim que descamba a humanidade pelos barrancos da história.

Isso significa, necessariamente, que toda ação política está fadada a ser mesquinha? Penso que não. Penso que ela pode ser mais do que isso. Mas esse é um causo para outra prosa.

Porém, adianto um ponto desse malfadado conto: há muito mais coisas na seara e nas lides políticas que os ditames advindos da obra do velho florentino e, muito, muito mais do que as mesquinharias advindas das almas miúdas que fazem do oportunismo e da trairagem um meio de vida.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela,
em 07 de novembro de 2019.

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