NO FRIGIR DOS OVOS
Uma senhora, professora, estava a conversar com seu filho, a
respeito dum colega de ofício. Dizia ela que os alunos estavam revoltz porque teriam
aula com o referido e que, segundo os infantes, eles não gostam do tal
professor.
O garoto, com uma serenidade confuciana, disse, laconicamente,
para sua mãe: “como se isso importasse”.
De fato, como se isso fosse realmente importante. O professor
não está em uma sala de aula para ser amado, para ser o palhaço de todas as
horas e estar disposto a atender os caprichos de cada momento duma multidão de
mancebos.
Ele, o professor, não vai para uma sala de aula para agradar, para paparicar
ou bajular. Nada disso. Ele ali está para ensinar.
No frigir dos ovos isso é o que realmente importa. Quanto ao resto, seria
apenas adereço; e as tenras gerações deveriam, desde cedo, serem admoestadas a
entender que o espaço escolar não é um lugar para farrear ou pra zoar. É para
aprender e, se possível, amadurecer.
Eles, os educandos, deveriam ser levados a tornarem-se cônscios
de que aprender não é algo prazeroso. Deveríamos dizer-lhes essa verdade sem
firulas.
Sim, a satisfação até fazer parte, mas não é o todo, nem o
fundamento do aprendizado. Aprender, na maioria das vezes, é uma atividade que
exige de nós um significativo esforço e uma baita concentração e, com o perdão
da palavra, zoeira e diversão, na maioria dos casos, apenas contribui para nos
levar a dispersão, a não compreender que o trabalho duro, que o esforço
abnegado, necessariamente antecede a realização de qualquer coisa.
Resumindo, o garoto estava certo e, com suas poucas palavras,
demonstrou uma serenidade, uma sabedoria que infelizmente não mais se faz
presente entre nós.
Ele lembrar-nos que antes de qualquer coisa devemos procurar
ser úteis porque, se não o formos, acabaremos não sendo prestativos e,
consequentemente, não nos tornaremos bons e, por conseguinte terminaremos nos
tornando cidadãos criticamente manhosos, caprichosos e sem serventia alguma e, por isso mesmo, barulhentos pra caramba.
Fim de prosa. Já está na hora duma xícara de café.
Escrevinhado
por Dartagnan da Silva Zanela, em 15 de abril de 2019.
Natalício de Leonardo Da
Vinvi e de Émile Durkheim.
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