OURO DE TOLO E OUTRAS QUINQUILHARIAS
Toda história tem, no mínimo, dois lados. Duas versões, no
mínimo, toda história tem.
Se uma pessoa nos apresenta apenas uma versão dum acontecimento,
isso não significa, necessariamente, que ela esteja querendo de engambelar.
Na maioria dos casos é a versão que a pessoa acredita ser verossímil
e, de boa ou má fé, está lhe vendendo como sendo “a história”.
Agora, se somos daquele tipo de cidadão que se considera a “fina
flor da criticidade”, nós teríamos o dever grave de procurar conhecer o maior
número possível versões, interpretações e de relatos sobre os fatos que são
apresentados; inclusive os detalhes que não contados a respeito de todo e
qualquer causo.
Parêntese: essa seria uma obrigação todinha nossa e não daqueles
que estão nos comunicando uma das versões sobre os fatos. Fecha parênteses.
Infelizmente, muitos de nós acreditam mesmo que as pessoas, que
representam os interesses de grupos de pressão, que militam em prol duma
ideologia ou partido político, teriam a obrigação de nos contar todas as
minúcias sobre os acontecimentos.
Sim, em princípio deveriam, por um dever de consciência, mas,
como todos nós muito bem sabemos, se um indivíduo representa os interesses dum
grupo e procura orientar suas ações com base nos ditames duma ideologia, isso
significa que esse dever acabou sendo segundado, ou transubstanciado, em sua
vida, bem como os juízos de sua consciência.
Doutra parte, meu caro Watson, nós também temos o dever de
consciência de procurar conhecer a verdade sobre os acontecimentos, mesmo que
nos cause dor e amargor. Ah! Como temos.
Agora, se somos daqueles que por preguiça, cognitiva e moral, preferimos
simplesmente aderir a uma versão que mais nos agrada, ou àquela que parece ser a
que rende uma imagem de pessoa sabida e crítica, tal impostura será de sua
inteira responsabilidade e refletirá o torpor em que se encontra o seu caráter.
Trocando em miúdos, a ignorância amorosamente cultivada por nós
é todinha nossa e de mais ninguém.
Gostemos ou não, nós a desejamos com todas as forças de nossa
alma achando que estávamos sendo espertos e, como dizem, fazendo um baita
negócio. Pois é. E que negócio. Fazer pose de gente crítica para não tomarmos
consciência do quão otário somos.
Diante disso, o que nos resta é uma xícara de café.
Escrevinhado
por Dartagnan da Silva Zanela, em 15 de abril de 2019.
Natalício de Leonardo Da
Vinvi e de Émile Durkheim.
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