NA SALA DE ESPELHOS DA ALMA
É praticamente impossível amar
aquilo que não se conhece. Da mesma forma, é fácil por demais rejeitar toda e
qualquer coisa que presumimos conhecer.
Presumo, logo me sinto autorizado
a caluniar, depredar e tutti quanti. É mais ou menos assim, infelizmente, a
toada que embala o jogo da vida.
Claro que cada um de nós é bem
capaz de lembrar de um bom punhado de pessoas que agem mais ou menos desse
jeitão, porém, relutamos, como relutamos, em admitir que muitas vezes agimos
bem assim.
Se fazemos isso por mero
automatismo, ou por malícia calculada, ou movido por um misto desses dois
impulsos, é algo que cabe a cada um analisar, se assim desejar.
Abre parêntese. Não ousarei dizer
o que há no coraçãozinho peludo de ninguém não. Penso que isso não seria
producente. Por isso, que cada um escarafunche o seu. Fecha parêntese.
Mas nada impede que matutemos um
cadinho sobre o assunto e que o façamos a partir das palavras do Santo
Evangelho. Penso, especificamente, na parábola que nos ensina a diferença da
oração do fariseu e do publicano (Lucas XVIII; 9 – 14).
Todos nós conhecemos muito bem
essa parábola. Todos. Fiéis quentes, crentes frios, devotos amornados e,
inclusive, os incrédulos simpatizantes; e não há uma viva alma que ao lê-la não
diga pra si mesmo que conhece boleiras de caboclos que são a cara escarrada do
fariseu e, ao mesmo tempo, diga para si, no cavernoso silêncio do seu coração,
que agradece a Deus por ser semelhante ao humilde publicano.
É. Sem querer querendo, acabamos
por fazer a mesmíssima meleca que o fariseu da parábola. Sim, é duro, mas é
assim mesmo. Cá estamos nós, todo santo dia em nossas preces, e nos domingos na
Santa Missa, repetindo as palavras e o gesto do publicano com o espírito do fariseu
sem, é claro, nos darmos conta disso.
E, assim agimos por termos nosso
olhar e coração obtusos para a verdade. Por isso relativizá-la é mais cômodo,
tendo em vista que podemos fazer de conta que não é conosco o babado. É sempre
com todos, menos com nossa pessoa.
Ao relativizarmos a majestade da
Verdade acabamos por coroar os caprichos do nosso ego que passam a ser nossa
régua de valores que utilizamos, sem a menor cerimônia, para mensurar a
importância e o significado de tudo que está a nossa volta.
E reparem numa coisa curiosa pra
caramba: sem o menor pudor relativizamos o valor e a importância de tudo que,
de alguma forma, questiona nosso olhar caprichoso, mas nunca, nunquinha,
relativizamos nossa alminha absolutista que, petulantemente, diz que “a verdade
sou eu” porque tudo é relativo. Tudo, menos “eu”.
De acordo com esse mantra mundano
que impera no mundo contemporâneo, é escandaloso que alguém ouse dizer que
Cristo é a Verdade. Sim. Diante Dele tudo o que somos é relativo.
Tal observação dá muito pano pra
manga. Se dá. Por isso, imagino eu, muitos preferem dizer lá no subsolo da sua
alma que “eu sou a verdade” e tudo é relativamente válido frente ao que “eu
digo”. Procedendo assim, acabamos por nos agrilhoar em nossos desejos rasteiros
e utopias furadas e, com essa auto sabotagem, ficamos impedidos de ver,
reconhecer e acolher a Verdade, tendo em vista que nos habituamos a viver
confortavelmente num simulacro de vida.
Enfim, como havíamos dito no
início dessa escrevinhada, é praticamente impossível amar aquilo que
desconhecemos, da mesma forma que é fácil rejeitar toda e qualquer coisa que
presumimos conhecer, principalmente quando não estamos nem aí para a Verdade.
Escrevinhado por Dartagnan da
Silva Zanela
Quaresma de São Miguel Arcanjo.
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Essa iniciativa tem
o apoio cultural de XerinhoBão – difusores,
home spray, águas de lençóis & óleos essenciais DoTERRA.
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Muito obrigado por ter lido nossa
modesta escrevinhada até o fim e, se você achou o conteúdo da mesma
interessante, peço, encarecidamente, que a recomende aos seus amigos e
conhecidos, compartilhando-a. Desde já, te agradeço por isso.
e-mail: dartagnanzanela@gmail.com
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