ALÉM DO OLHAR DO CÁGADO TRANQUILO
Há uma historieta sobre São Cura
D’Ars que, bem provavelmente, o amigo leitor deve conhecer. São João Maria
Vianney estava rumando para Ars, no interior da França, para assumir a sua
paróquia. Caminhando pela estrada ele vê ao longe um garotinho pastoreando
ovelhas. Ele o chama e pergunta: “menino, como faço para chegar a Ars”? “É por
ali padre. É por ali”. O vigário agradeceu, sorriu e, apontando o dedo para o
alto, disse ao garotinho: “você me mostrou o caminho para Ars, agora eu vou te
mostrar o caminho para o céu”.
Tão belo quanto esse
acontecimento na vida do Cura D’Ars são os seus escritos. Todos eles sapientes
e profundos em cada uma das suas linhas. Porém, esse homem sábio era visto,
pelos diplomados de voz empolada da época, como sendo um sujeito dotado de
poucas luzes e de limitado entendimento.
É que o santo em questão, como
todos os santos, escrevia com palavras vertidas do âmago da sua alma e com seu
coração na mão e isso é algo que essa gente não entende e, é claro, não perdoa.
Além disso, o Cura D'Ars era um
grande confessor, um diretor espiritual singular. Ele não apenas converteu toda
a população de Ars. Não. Milhares de pessoas de todos os cantos iam pra lá para
se confessar com ele. E o que era mais assombroso era que o bom padre, inspirado
pelo Espírito Santo, quando via que um indivíduo estava relutante no
confessionário para confessar os seu pecados, ele, do seu jeitão, dizia algo
mais ou menos assim: os seus pecados, meu filho, são esse, este e aquele outro
que você fez assim e assado. Se você quiser ser perdoado, e não ser condenado à
danação eterna, confesse-os ou vaze daqui.
Não é por acaso que acorriam para
Ars aproximadamente cem mil pessoas por ano para se confessar com esse homem
franzino. É mole ou que mais?
Quer mais? Tudo bem. O papa São
João XXIII, em 01 de agosto de 1959, publicou a Carta Encíclica SACERDOTII
NOSTRI PRIMORDIA, sobre o centenário da morte de São João Maria Vianney. A
segunda do seu pontificado. Quer dizer, praticamente publicada junto com a
primeira, que dada de 29 de julho de 1959.
Detalhe: isso não é uma
curiosidade vã. De jeito maneira. Nessa encíclica São João XXIII expressa o que
seria uma vida sacerdotal ideal para servir de inspiração para todos os padres.
E tem outra: sendo essa uma das primeiras encíclicas do seu pontificado,
podemos dizer que seriam frutos com essa feição que Sua Santidade esperava
colher após o término dos trabalhos do Concílio Vaticano II. Pois é.
Infelizmente, como todos nós muito bem sabemos, não foi isso o que aconteceu.
Bem, tanto São Cura D’Ars como
São João XXIII são santos de corpos incorruptos. É. Isso mesmo. Morreram, faz
muito, e quando foram exumar seus cadáveres lá estavam eles, intactos, como se
tivessem batido com as doze na véspera. Resumindo: um milagre. Outro milagre
entre inúmeros outros.
Casos como esse existem aos
borbotões na história da Igreja e, muitíssimos deles, analisados por cientistas
que, por sua deixa, não conseguiram apresentar uma explicação razoável para
esse fenômeno que ocorre com os corpos de pessoas que, em vida, procuraram
viver de acordo com o Santo Evangelho, da mesma forma que não conseguem
explicar qualquer outro milagre.
Sim, podemos dizer para nós
mesmos que tudo isso é pura coincidência e, discretamente, varrer sua
existência para debaixo do tapete da história, juntamente com um montão de
outras coisinhas que nós não conseguimos explicar, para seguirmos nossa vida
com uma consciência tranquila, feito um cágado desavisado. Sim, nada nos impede
de fazer isso. Nada.
Porém, podemos adotar outra
postura se assim desejarmos. Ao invés ignorarmos a presença dos corpos
incorruptos de inúmeros santos, e de fazer pouco caso frente a infinidade de
milagres que ocorreram e ocorrem, e que são testemunhados por milhões de pessoas,
nós podemos humildemente colocá-los em seu devido lugar, como parte integrante
da realidade e que, por essa razão, merecem toda a nossa atenção.
Provavelmente não conseguiremos
encontrar uma explicação laboratorial para esses fenômenos e, mesmo que encontrássemos,
não conseguiríamos estabelecer um nexo causal entre o fenômeno miraculoso
ocorrido e a prece feita pela pessoa que o pediu. Ou seja: uma aura de mistério
necessariamente permanecerá. Não dum mistério de sombras, mas sim, um mistério
que pode alumiar nossa vida.
Um bom exemplo disso, a meu ver,
é a vida e o trabalho do doutor Ricardo Castañón. No princípio era um cientista
ateu que procurou, com honestidade intelectual, investigar inúmeros fenômenos
miraculosos e, fazendo isso, não precisaria nem dizer, mas o farei: ele se
converteu. A realidade dos fatos falou mais alto nos átrios do seu coração.
Um dos casos estudados por ele
foi esse: numa paróquia da Bolívia houve um milagre eucarístico. O Santíssimo
Sacramento transformou-se em carne (isso ocorreu e ocorre em vários cantos do
mundo).
O padre colocou a eucaristia
transubstanciada em carne num copo d’água.
Ricardo Castañón, ao saber do
ocorrido, foi ao local, conversou com o padre, explicou o seu trabalho e
encaminhou uma amostra para ser analisada num laboratório sem dizer o que era.
Pouco tempo depois o responsável
pelo laboratório entrou em contato com o doutor Castañón para saber de onde ele
tinha obtido aquela amostra de tecido muscular. O homem estava muito nervoso e,
por isso, o bom doutor perguntou o porquê de sua aflição e, este disse-lhe que
aquela amostra de tecido era de um coração humano e, pelo estado em que se
encontrava, era de uma pessoa que sofreu muito antes de espiar. Provavelmente
duma pessoa que teria sido torturada antes de morrer.
Ao ouvir isso, ele mostrou a
procedência da amostragem.
Caramba! Sem mais delongas e,
como havíamos dito anteriormente, não temos como explicar um milagre da mesma
forma que explicamos a reprodução de bactérias, porém, penso que seja difícil
de entender o sentido da vida se virarmos nossas costas para a presença dos
fenômenos miraculosos na tessitura da realidade porque, admitamos ou não, há
muito, muito mais coisas entre o céu e a terra do que presume a vã galerinha
diplomada.
Escrevinhado por Dartagnan da
Silva Zanela, em 15 de agosto de 2020, dia a Assunção de Nossa Senhora, início
da Quaresma de São Miguel Arcanjo.
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Essa iniciativa tem
o apoio cultural de XerinhoBão – difusores,
home spray, águas de lençóis & óleos essenciais DoTERRA.
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Muito obrigado por ter lido nossa
modesta escrevinhada até o fim e, se você achou o conteúdo da mesma
interessante, peço, encarecidamente, que a recomende aos seus amigos e
conhecidos, compartilhando-a. Desde já, te agradeço por isso.
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e-mail: dartagnanzanela@gmail.com
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