UNGUENTO QUE MATA É VENENO



A inquietude toma conta e se assenhora da alma do homem moderno; estando perenemente inquietos, todos nós, pessoas modernosas, acabamos, sem querer querendo, criando obstáculos e abismos em nosso interior; empecilhos esses que limitam nossa capacidade de atenção e, nos casos mais graves, impedem que sejamos capazes de nos concentrar devidamente em algo.

Aliás, tudo em nossa volta convida-nos para que nos entreguemos a dispersão. É comum, infelizmente, encontrarmos pessoas que não são capazes de ficar nem mesmo dez minutos em silêncio e centradas em algo que não seja a sua inquietação umbilical.


Tal inquietação, como todos nós já reparamos, invadiu de maneira avassaladora as salas de aula da grande maioria das instituições de ensino, onde a agitação faz-se regra e, o silêncio decoroso para com o conhecimento, que deveria ser adquirido e construído, se tornou uma raríssima exceção.

Diante disso, o que torna este cenário mais trágico é vermos que as mentes, iluminadas e diplomadas, apontam para as mais mirabolantes soluções hitech, ao mesmo tempo que ignoram por completo o problema da inquietude que é fomentado por essas mesmas quinquilharias que tomam conta da vida hodierna.

Fim. Sossega o facho que agora é hora do café.


Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela em 17 de março de 2019,
dia da morte do Imperador e filósofo Marco Aurélio.

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