SEM SINALIZAÇÃO E SEM DIREÇÃO
Muitíssimas vezes testemunhamos
aqui e acolá uma e outra contenda política. Noutras tantas, nos vemos bem no
meio do olho desse tipo de furacão.
Seja como for, situações como
esta fazem parte do babado nosso de cada dia.
Sobre esse ponto, Karl Deutsch,
em seu livro “Politica y Gobierno”, nos lembra que para entender o jogo
político, em suas correntes profundas, precisamos nos esforçar para reconhecer
o que é importante e, também, o que é tido como sendo importante pelas partes
contendoras e, destas coisas consideradas importantes, procurar saber quais
seriam as que mais estão a influenciar os acontecimentos.
Em discussões deste gênero,
saltando ou não os butiás dos bolsos, é importante, como nos ensina Thomas
Sowell, em seu livro “Conflitos de Visões”, distinguirmos as discussões cuja
discordância refere-se à diferença entre visões de mundo, daquelas cujo
desentendimento parte dum conflito de interesses.
Sowell nos diz que, em regra,
quando há um conflito de interesses, para o bem ou para o mal, existe uma
grande probabilidade de acordo e entendimento. Agora, quando o que temos é um
conflito de visões de mundo, como sendo o coração, o centro duma discussão, a
conciliação torna-se praticamente improvável.
A razão disso é muito simples:
quando, por exemplo, dois políticos fisiológicos discutem algo, com garbo e
elegância, muitas das vezes o que estes senhores estão querendo saber é quem
ficará com o que do butim eleitoreiro, quais cargos lhes caberão deste
latifúndio demagógico.
Discutem, discutem e, ao final,
entram em um acordo, pois, o que está em jogo, não é uma concepção de mundo,
mas tão somente qual será o seu quinhão nesse mundo de dissimulações
democráticas.
Enfim, este é o seu estreito
limite de imaginação, compreensão e ação.
Agora, quando temos um conflito
entre figuras públicas que tenham visões de mundo distintas, o trem é diferente
e, também, por uma razão muito simples: a luta não é para, em princípio, saber
quem ficará com o que, mas sim, quando a finalidade última da sociedade, da
ação política e sobre a natureza humana.
Quando se tem uma discussão em
torno da tal ideologia de gênero, por exemplo, o que está em pauta não é um
reles conflito de interesses, mas sim, uma discussão em torno dos fundamentos
da natureza humana.
O mesmo vale para as discussões a
respeito do assassinato de inocentes no ventre materno (aborto), sobre o controle
social da mídia (censura), etc.
Em cada um dos casos, nos
conflitos de interesse e nas disputas entre visões de mundo, temos presente
algo que é tido como sendo importante pelos grupos contendores e, esses grupos,
cada um ao seu modo, procuram mover a sociedade para uma direção que eles
consideram mais aprazível.
Tendo isso em vista, o que
caberia, penso eu, a cada um de nós, seria nos esforçar para identificar,
claramente, quais seriam essas visões de mundo que estão em conflito, mapear os
interesses que estão em pauta para podermos ter uma compreensão minimamente
razoável dos rumos que estávamos até então trilhando e dos conflitos que estão
sendo encenados no momento para, desse modo, vislumbrarmos os caminhos que
poderemos, de fato, passar a seguir e, principalmente, sabermos se estes serão
ou não acompanhados duma boa xícara de café.
Escrevinhado por
Dartagnan da Silva Zanela, 25 de março de 2019.
Natalício de Santa Catarina de
Siena e de Eusébio de Queirós.
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