UMA ZOEIRA PÍRRICA



Um amigo meu, impiedosamente espirituoso, certa feita foi interpelado por um sujeito - portador de duas mãos esquerdas (há quem diga que ele tenha também dois pés canhotos) - sobre o atual Ministério da Educação, sobre o que ele estava achando da atuação do Ministro Ricardo Vélez Rodríguez.

E é claro que ele fazia essa pergunta com aquele provocativo olhar mefistofélico que, venhamos e convenhamos, ninguém merece.

Bem, meu amigo, sorridente e debochado como sempre, olhou bem para as ventas do nosso amiguinho enfezado e disse: “não acho nada”.

“Como assim”? Interpelou cidadão criticamente enervado.


“Tá bom”, disse meu amigo, e continuou: “Acho que ele está fazendo tudo o que pode, dentro das limitações que lhe são impostas por aquele ambiente insalubre de trabalho. Na verdade, quando me imagino no lugar dele, rodeado, por todos os lados, por tantas rubras víboras militantes de carteirinha, sinceramente me solidarizo com ele, sinto pena dele, porque sei que este homem está lutando uma verdadeira batalha pírrica”.

“E tem outra”, disse meu amigo antes que o canhoteiro retome-se o uso da palavra, “se eu fosse o ministro, iria dar uma de louco e acabar de vez com a existência desse monstrengo ministerial para desancar de vez com toda essa patacoada marxista que perverteu, de cima a baixo, todo o sistema educacional brasileiro”.

É claro que o nosso confrade mais do que crítico ficou pau da vida e saiu cuspindo marimbondo.

Fazer o quê? Faz parte do jogo.

Mas, falando francamente, espero que, mais tarde, ele medite sobre o que fora dito; que ele faça isso quando estiver com a cuca crítica mais refrescada e revigorada por uma boa xícara de café devidamente adoçada com bom senso.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela, em 18 de março de 2019.
Natalício de Seymour Martin Lipset (sociólogo americano).

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