REFLEXÕES CONSERVADORAS # 05
Podemos afirmar, sem medo de errar, que o pai [não tão
oculto] da pressa seria o encardido pai da mentira; que o progenitor da
política ansiosa por tudo transformar em algo que seja similar a sua imagem e
semelhança seria simplesmente aquele que é homicida desde o princípio dos
tempos.
Os demônios – literal o metaforicamente falando - sempre
estão a sussurrar em nossos ouvidos toda ordem de sandices para gostosamente
massagear a nossa vaidade, para que sejamos apressados e, assim, queiramos
tudo, tudinho, ao nosso tempo e do nosso jeito.
Com ou sem a provocação dos espíritos imundos, temos de
reconhecer que muitos indivíduos procedem como se tivessem sido instigados por
eles.
Nesse sentido, a virtude política da prudência sempre nos
convida a caminharmos pelo caminho do meio, pela via do bom senso, como nos
ensina Aristóteles. Caminho esse que, sejamos francos, não é nem um pouco fácil
de ser trilhado. Se o fosse, não cometeríamos tantos erros.
Toda sociedade, desde as mais rusticas até as mais
sofisticadas, são compostas por relações de elevadíssima complexidade. Relações
essas que foram edificadas através da vivência de várias gerações e que,
carregam em seu bojo, razões que nossa presunçosa queredeira modernizante é
incapaz de compreender.
Aliás, é muito mais fácil destruir qualquer coisa do que edificar
algo que valha algum vintém.
Sim, essa é uma lição simples, simples pra caramba, mas que,
nos tempos modernos, uma parcela significativa da humanidade fez questão de
desdenhar, como bem nos adverte o filósofo Ananda Coomaraswamy.
Um claro sinal disso, de que se está agindo sob a motivação
dos sussurros destrutivos da demoníaca mentalidade revolucionária, mentalidade
esta que tudo quer recriar à sua imagem e parecença, é quando não mais levamos
em consideração as consequências de nossas decisões e omissões em médio e longo
prazo.
Os apressados desse feitio, com aquele pútrido hálito
keynesiano, provavelmente poderão responder que em longo prazo todos estaremos
mortos. Sim, estaremos, mas deixaremos uma vergonhosa e trágica herança para
nossos netos e, por isso mesmo, tal mentalidade, sem dúvida alguma, assinala,
de modo claro, que esse modo de pensar e agir seria a marca distintiva da
irresponsabilidade.
Irresponsabilidade que, obviamente, nunca se apresenta
desnuda para arcar com as implicações que a ela são devidas. Não. Essa gente
irresponsável sempre apresenta-se com as vestes da indignação ferida, como se
fosse a rediviva consciência social que clama, indignada, por uma solução
imediata pra tudo, apresentando-se como detentores exclusivos da preocupação
para com os desvalidos da terra, como se eles realmente se preocupassem com o
tal do próximo.
Seja frente as decisões tomadas em nível individual, seja
diante das escolhas que, por sua natureza, tenham profundas implicações
societais, o que vemos com grande frequência é a realização do dito que afirma,
atavicamente, que, no frigir dos ovos, tudo não dará nada. Mas dá. Sempre dá.
Não, necessariamente, para os autores dos desatinos políticos e sociais, mas
sempre, para aqueles que não tem nada que ver com os disparatados atos dessa
gente politicamente irresponsável e apressada.
E, quando isso acontece, nenhum dos protagonistas ansiosos
com suas utopias totalitárias, apresentam-se para fazer um sincero mea culpa
porque, no entender das pessoas imersas nesse tipo de mentalidade, a culpa
seria apenas um preconceito que estão querendo infundir em suas consciências
criticamente críticas.
Sei que isso é horrível. Como sei. Mas, infelizmente, é mais
ou menos assim a mentalidade que toca o baile que anima a cabeça de muitos em
nosso triste país.
Agora chega. Hora do café.
Escrevinhado por
Dartagnan da Silva Zanela, em 24 de março de 2019.
Natalício de São Bento.
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