ATRAVÉS DOS OLHOS DE GEORGE ORWELL
Com o declínio da cultura,
inevitavelmente acabamos tendo o declínio das relações humanas, das instituições,
do caráter de cada um de nós.
Isso não significa,
necessariamente, que as instituições irão desaparecer e que iremos cair no
total e brutal acanalhamento. Não. Tal declínio aponta apenas para o fato de
que as instituições irão esvaziar-se de sentido, perdendo seu significado
originário e convertendo-se num ídolo oco que, à sua maneira, irá legitimar a
barbárie socialmente constituída, politicamente organizada e juridicamente
legitimada.
Não é à toa que muitas pessoas, que
defendem as mais insanas sanhas totalitárias, acreditem piamente que são
impelidas por convicções profundamente democráticas, tendo em vista que as palavras
ocas, esvaziadas de significado originário, e enquadradas no cenário duma
sociedade banhada por uma cultura anêmica de sentido, podem significar qualquer
coisa, inclusive o oposto de sua acepção original.
Enfim, vivemos num mundo governado
pela novilíngua de George Orwell onde liberdade é escravidão e escravidão é
liberdade; onde a vontade das oligarquias é democracia porque a democracia é a
voz dos oligarcas; por fim, vivemos no mundo onde condenar o crime é crime,
onde é crime condenar um criminoso.
Escrevinhado por
Dartagnan da Silva Zanela,
12 de junho de 2019.
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