INGRATIDÃO DAS INGRATIDÕES
Todo enriquecimento intelectual,
segundo as palavras do escritor Miguel Sanhes Neto, é ilícito. Todo. Não há
exceção para essa regra.
Tudo aquilo que matutamos, sobre
os mais variados assuntos, foram extraídos, indevidamente, por nós das obras
dos autores que lemos, ou furtados a partir da audiência duma preleção ouvida
aqui ou acolá.
Tudo aquilo que sabemos, tudo
aquilo que, com o tempo, aprendemos, nós tomamos do patrimônio da humanidade,
que foi acumulado, lentamente, através dos séculos.
Tomamos, não devolvemos e nos
recusamos a pagar juros que, por sua deixa, seria a nossa modesta contribuição
para o butim universal do saber.
Por essas e outras que o escritor
Leon Bloy estava montado na razão quando disse que todos nós, no fundo, não
passamos de um bando de mendigos ingratos. E põe ingratos nisso.
Tomamos tudo o que sabemos das
gerações que nos antecederam, usamos e abusamos do patrimônio que nossos
antepassados laboriosamente construíram e, gentilmente, nos legaram para, ao
final, fazemos pouco caso de deles todos.
Pior! Saímos contando vantagem
por acharmos bonito sermos estultos digitais profundamente ingratos.
Dartagnan da Silva
Zanela,
09 de maio de 2019.
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