O CIRCO CHEGOU



De tempos em tempos a lona do velho circo é armada nas praças das cidades e nos pátios das redes sociais.

Sim, um circo bem mambembe, cujas apresentações além de serem praticamente as mesmíssimas de sempre, frequentemente são sem graça pra caramba. De tão sem graça que acabam virando piada nas conversas de bar e nos grupelhos de whatsapp.

O circo é nada mais nada menos que o dito cujo ano eleitoral. Ou seria eleitoreiro? Tanto faz. No frigir dos ovos [depre]cívicos dessa tristonha nação acaba tudo desembocando no mesmo lamaçal, para a alegria de todos e para infelicidade geral das repúblicas municipais.

São tantas as histórias, tantos os causos, que um pleito eleitoral acaba rendendo que, se juntássemos todos numa única brochura, teríamos um livreto divertidíssimo ou, quem sabe, ao menos uma série de crônicas [agudas] se, é claro, a preguiça não acabar nos deixando com as mãos atadas e nos impedir de fazer essa empreitada sair da prancheta.

De todas as fanfarronices que nos são apresentadas nessa fuleira micareta há uma que já está começando a despontar. Não sei aí na sua cidade, amigo leitor, mas aqui em Lalalândia, e bem como em Cafundó, algo tragicômico já está raiando no horizonte.

De repente, ninguém sabe como, os cidadãos, no conforto dos seus lares, junto ao dos seus familiares, estão começando a ver figuras que, até a pouco, estavam praticamente sumidas.

Parece filme de suspense, mas não é.

Uns acreditavam que tais figurinhas teriam sido abduzidas, outras que foram sequestradas por reptilianos, sugadas por algum portal dimensional, enfim, seja como for, ninguém mais tinha notícias desses caboclos.

Outros, mais bocudos, dizem que tais indivíduos que estavam sumidos passaram, literalmente, os últimos quatro anos com o rei na barriga, sem alevantar os zóios para além das cercanias de seus umbigos festeiros, por isso ninguém os via. Só isso.

Bem, de minha parte não sei dizer o que exatamente aconteceu. A única coisa que sei, e isso posso contar, é que num passe de mágica, inúmeras figuras, meio que disfarçadas, começaram a dar o ar da graça.

Não só isso! Elas transfiguraram-se da noite para o dia em poços de simpatia e afeição por qualquer um que esteja caminhando pela rua ou que se encontre meio que descuidado navegando pelas redes sociais.

Daqui a pouco são bem capazes, inclusive, de fazer visitas na casa das pessoas, não apenas nos grupos do zap; uma hora dessas vamos acabar encontrando-os nas missas e vê-los na porta das Igrejas desejando bons votos aos fiéis e - quem sabe, e porque não – aproveitando a ocasião para entregar um santinho para convidar a todos para o espetáculo que, mais uma vez, se repetirá aqui e acolá. Quem viver verá.

Enfim, o circo está aí e, ao que parece, nunca deixou de aqui estar e, ao que tudo indica, não nos deixará tão cedo assim.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

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