ALEGRE FEITO UM BARBEIRO


Lembro-me que meu pai, quando era mais moço, e minha mãe lhe comprava uma peça de roupa, a primeira coisa que ele fazia era, com uma tesoura, cortar a etiqueta da mesma, pouco importando qual fosse a marca do pano.


Sem dó o homem metia a tesoura nos pedaços de couro, tiras de tecido e bordados dependurados que estavam pelas pontas e cantos da roupa. E o mais engraçado é que ele fazia isso alegremente feito um barbeiro cortando os ralos fios de cabelo de um careca.


Vendo isso, em minha meninice, um dia perguntei para meu velho porque ele fazia essas coisas e ele, sem pestanejar, me disse: “paguei para ter uma roupa pra vestir; não estou sendo pago pra fazer propaganda para uma grife”.


Pois é. Hoje, muito mais do que ontem, o que tem de caboclo que paga até os tubos pra fazer propaganda para marcas e grifes não está no gibi. E o mais gozado é que fazem isso como se fosse uma baita duma vantagem; com a maior alegria do mundo, feito um barbeiro cortando os ralos fios de cabelo de um careca.


Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela

e-mail: dartagnanzanela@gmail.com

site: arquimedico.blogspot.com


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