UMA CONVERSA SOBRE A ZONA
Há um trem que muitas pessoas gostam
de dizer, como se fosse uma espécie de conselho oracular; é o dito que afirma que nós deveríamos
sair da tal zona de conforto.
Eita frase que, quando dita,
arroga colocar um ponto final em tudo, ao mesmo tempo que não expressa patavina alguma. Serve
para praticamente tudo por não dizer literalmente nada.
E o mais engraçado é que as
pessoas que frequentemente usam essa frase para enfeitar uma prosa com os seus,
ou para decorar uma preleção feita para uma plateia desavisada e distraída, são frequentemente aquelas
figurinhas pra lá de acomodadas em inúmeras esferas de sua vida.
É isso aí. Todos nós temos de
transitar por inúmeras esferas e ordenar nossas ações e intenções em vários
planos. Algumas esferas e planos são preferidos por nós enquanto outros acabam
sendo preteridos. Ou seja: cada um de nós procura uma zona de conforto, inclusive quando diz que está procurando sair da dita cuja. Aliás, se estamos querendo sair dela é porque ela não é mais confortável.
Resumindo, o ponto do conto é sabermos se a
posição existencial que adotamos é boa, se ela está nos permitindo crescer
enquanto indivíduo. Só isso.
Somente isso? Não. Se ela estiver
sendo benéfica, a pergunta que, penso eu, deve ser feita é: em que a dita cuja
está nos beneficiando? Aí seremos obrigados a nos perguntar quais são os
círculos que preferimos e para qual direção, para qual plano estamos
empreendendo os nossos esforços.
Realizando isso nós iremos sair
da nossa “zona de conforto”? Não. Fazendo isso, poderemos nos conhecer melhor e,
quem sabe, compreendermos que nessa vida não há conforto nem acordo definitivo.
O que há são círculos viciosos e autodestrutivos e esferas virtuosas e
edificantes que podem nos auxiliar a alçar planos elevados, em termos
espirituais, ou nos atirar em patamares meramente materialistas e hedonistas que nos reduzirão a meros adoradores de nosso estômago e de nossas partes pudendas.
Enfim, cara pálida: não há
zona de conforto. O que há são escolhas e consequências que, refletidas ou não,
dão forma a nossa vida, a nossa personalidade, que, um dia, teremos de apresentar diante do Senhor.
Escrevinhado por
Dartagnan da Silva Zanela, 28 de dezembro de 2019, dia dos Santos Inocentes.
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