É NO CORAÇÃO DO HOMEM QUE TUDO COMEÇA


Uma vez ouvi um gracejo que fora contado numa rodinha de amigos que estava próxima à minha pessoa que, em resumidas contas, afirmava algo mais ou menos assim: “o único livro que a professorinha fulana de tal leu em sua vida foi o livro de chamada”. Isso foi dito e, claro, todos que integravam o referido círculo de escarnecedores riram garbosamente com aquele ar de superioridade.

Não nego que isso não seja, em partes, uma verdade; sei que há muitos professores que não tem o dito cujo do hábito de ler e que, aliás, em muitos casos tem uma grande aversão a leitura.

Porém, o que me chama a atenção é o seguinte: quem via aqueles caiporas parlando, da forma como parlavam, sobre a “fulaninha”, dava a impressão de que eles eram exímios leitores.

Se bobear, os carniças nunca leram um livro se quer na vida. E o pior é que muitos daqueles que integravam a dita rodinha, mais do que provavelmente, nunca leram mesmo.

O brasileiro dum modo geral não lê. Pior! Não se envergonha disso. Muito pelo contrário! Acha isso um sinal de maturidade, indicativo duma pessoa atarefada, pragmática.

E é esse tipo de imbecil que quer diagnosticar os males da educação brasileira. Pior! Gosta de apresentar, frequentemente, nas rodas de conversas vadias, um prognóstico para as chagas que enfermam essa excelsa seara, que é a arena da ensinação. Tais almas sebosas acreditam que pega muito bem falar nesse tom sobre esse trem que elas nunca se importaram realmente.

Sim, sei o quanto é urgente que os rumos tomados por nosso país, no bojo da educação, sejam corrigidos, mas isso não se dará, de modo algum, via políticas públicas. Isso, com o perdão da palavra, é uma tremenda besteira.

A correção dos descaminhos tomados nesse quesito apenas será possível se cada um de nós, especialmente aqueles que já passaram pelo processo de deformação, passe a corrigir os parâmetros equivocados de sua própria formação.

Fazer isso é urgente porque se não reconhecemos os males que foram impressos em nossa alma e, com zelo, procurarmos saná-los, não haverá, em médio e longo prazo, a possibilidade de corrigir esse circuito de deformação que é o atual sistema educacional.

Sem esse esforço abnegado a única coisa que teremos é esse papo furado todo empavonado de pessoas que não se cansam de apontar o cisco que está na vista de todos sem jamais enxergarmos a trave que está rascando os seus olhos.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela, em 26 de dezembro de 2019, dia de São Estevão.

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Comentários

  1. Concordo plenamente. Apenas queria fazer uma observação criteriologica. Ha gente que pensa que a vida intelectual começa no livro. Não e' verdade, pois quando o primeiro escritor escreveu o primeiro livro, nunca havia lido nenhum. A vida de pensamento começa na observação da realidade para depois se conferir com os livros. Ha' coisas que ja nascemos sabendo. Pouco a pouco vamos enriquecendo com o que outros tambem pensaram.

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