REVELAÇÕES MACUNAÍMICAS
Quem é o louco que tem a
petulância de escrevinhar alguma coisa com esse frio de doer os ossos? É “nóis
mermo”! Mas confesso: o faço morrendo de preguiça. A vontade que tenho é de
assar os meus dedos, desde as falanges até as falangetas, próximo da chapa dum
fogão a lenha.
Falando-se em preguiça,
lembrei-me duma passagem das peripécias do “grande” herói de Mário de Andrade,
Macunaíma, que, certa feita, se gabava de um dia ter caçado dois veados mateiros
de uma só vez, quando na verdade ele havia capturado apenas dois ratinhos
medonhos.
Recentemente, o ex-ministro da
Fazenda Antonio Palocci afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio havia
distribuído mimos para os seus, como direi, “parceiros”. Mimos esses que
girariam em torno da bagatela de quinhentos bilhões de barões. É muita
generosidade num só coração. Eita coração bão esse, não é mesmo?
Que dureza. É, mas duro
mesmo ficou o orçamento de nossa triste nação, pois como todos nós sabemos, ou
ao menos imaginamos, existem espalhados pelo Brasil a fora, inúmeras outras
almas, honestas e de coração mole, como o senhor Lula da Silva que,
generosamente, distribuíram e, bem provavelmente, distribuem brioches para os amigos e migalhas
para o povão.
Espero apenas que, em breve,
tenhamos mais e mais homens similares ao senhor Palocci que também ousem
desconstruir “heróis” macunaímicos similares ao senhor Lula que, provavelmente,
temos aqui, acolá, em todos os cantos e paragens desta terra de Pindorama,
“heróis” estes que se gabam de grandes feitos que, no fundo, não passavam de bagatelas
infinitamente menores do que o estardalhaço cantado pelos saltimbancos
amestrados que fazem da bajulação seu vocacionado ofício.
Sim, tomara que surjam, porém,
uma coisa é certa, nenhum deles irá nos revelar algo tão vil quanto o nosso “herói” sem caráter
que está repousando em Curitiba. Não me refiro ao governador, que faz jus ao
seu apelido, mas sim, àquele que já é nosso velho e malicioso conhecido que,
insisto em dizer, não deve ser subestimado. O bicho mesmo enjaulado é liso feito um bagre ensaboado.
Conhecido que, do seu jeitão
canastrão, sonhou em expropriar o apelido de Getúlio Vargas, o “pai dos
pobres”; mas, ao que tudo indica, ele terá que se contentar com outro epiteto,
que era atribuído a Vargas pelos seus desafetos, o de “amante dos ricos”; bem,
diante das últimas revelações, este último corresponderia melhor à realidade
das tintas que foram usadas para compor o seu retrato que enganou garbosamente tantas e tantas pessoas boas deste nosso país e que, imagino eu,
mesmo após tudo o que foi revelado, continuará a enganar.
Escrevinhado por
Dartagnan da Silva Zanela,
em 08 de julho de 2019.
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