PALAVRAS MAL ESCRITAS

A solidão é só uma palavra só.

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Bibliotecas, numa terra de soberbos analfabetos funcionais, não passam de depósitos de brochuras dispostas para acumular pó e futricas cochichadas que acabam por tomar o lugar do silêncio que deveria imperar neste lugar.

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Verdugos dos inocentes são todos aqueles que afagam os crápulas, tratando-os como vítimas da sociedade.

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Não se deve considerar uma pessoa agitada como sendo equivalente a um indivíduo ativo. O agitado, por definição, é um caboclo inquieto, disperso e sem propósito; o ativo, por sua deixa, seria aquele que sabe aquietar-se, centrar-se, por ter aprendido que deve ordenar os seus atos com vistas a realizar um propósito que esteja além das miudezas do inquieto universo umbilical dos homens medíocres.

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Livro: palavra que se refere a um objeto silente que reúne um punhado de palavras ignoradas.

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Deus é Aquele que não cabe em palavra alguma.

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Falta de inteligência, no Brasil, frequentemente é compensada com formalismos burocráticos ocos; a ausência de caráter, com títulos e diplomas.

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A idolatria que cultivamos pela árvore do conhecimento do bem e do mal, nos condena a não podermos mais comer dos generosos frutos da árvore da vida.

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Nada melhor do que o distanciamento para lapidarmos o nosso discernimento; mas isso apenas é possível com o passar do tempo.

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A sociedade do espetáculo em que vivemos nos importuna constantemente para que não sejamos quem devemos ser. E o pior é que, muitas vezes, realmente desejamos essa negação de nós mesmos que nos é ofertada por ela.

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Não vejo beleza alguma no otimismo cretino que nos é ofertado pelos tontos, como também não consigo reconhecer sabedoria nenhuma no pessimismo que nos é atirado nas ventas pelos cínicos das horas vadias, porque a beleza e a verdade sempre se apresentam vivamente aos nossos olhos por meio dos lampejos de bondade que florescem na realidade e, infelizmente, nem os primeiros e nem os segundos estão dispostos a fazer isso.

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Não desconfio da moral, não duvido da verdade, nem mesmo suspeito da beleza. Não. Questiono sim, sem dó nem piedade, as minhas, as suas, as nossas tão estimadas boas intenções.

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O que hoje se convencionou chamar de “consciência crítica”, no fundo, não passa duma cegueira compartilhada por uma assembleia de desesperados.

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A vida livremente vivida não pode ser vivida numa perspectiva além do bem e do mal. A vida é, de fato, livre, quando compreendemos que existimos e agimos entre as tensões geradas pelas forças do bem e do mal que, em conflito, habitam o íntimo de nosso coração.

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A negação da autoridade moral é, em si, a mais vil forma de autoritarismo.

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Uma coisa é relativizar o conhecimento da verdade; outra, bem diferente, é relativizar a existência da dita cuja.

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A mãe de todas as burrices é o relativismo moral; o pai, a negação da existência da verdade.

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Tempo perdido é sinônimo de vácuo de sentido.

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Onde não há presença duma personalidade, a possibilidade de edificar-se a tal da educação torna-se praticamente algo improvável.

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Os coletivos, supostamente conscientes e críticos, que são constituídos para defender este ou aquele indivíduo, que se apresenta como integrante desta ou daquela minoria, na real, são justamente os mais sagazes inimigos da consciência individual, principalmente da consciência daqueles indivíduos que dizem defender.

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Horizontalidade não é, como muitos dizem, uma radical negação de todas as hierarquias. Essa dita cuja, na realidade, é tão somente um instrumento vil para se edificar a mais totalitária e asfixiante hierarquia já vista na história da humanidade.

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Só podemos oferecer aquilo que temos, da mesma forma que apenas podemos ensinar aquilo que somos.

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A manipulação semântica, atualmente, é tão intensa em nossa sociedade que até mesmo a compreensão do que seja, de fato, a tal da manipulação tornou-se, para muitos, algo praticamente incompreensível.

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Todo aquele que advoga em favor do relativismo moral absoluto, que fundamenta toda a patacoada politicamente correta reinante, por coerência, não poderia jamais queixar-se de seus desafetos rotulando-os como supostos disseminadores de “discursos de ódio”, ou de qualquer coisa que o valha.

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Por mais que se insista, afago da juvenil agitação vaidosa não é, e jamais será, uma atitude pedagógica respeitável.

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Com um cadinho de bom fermento podemos alimentar uma grande multidão. Podemos, desde que saibamos e queiramos fazer pão.

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Somos vítimas. Não da sociedade; de nós mesmos.

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Qualquer coisa que seja almejada por todos, tudo aquilo que faz brilhar os olhos de todos nós, não tem valor algum.

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela,

em 10 de julho de 2019.