REFLEXÕES DA GROTA # 008



Vamos direto ao ponto do conto: se realmente desejamos conhecer e compreender o passando deveríamos examinar o presente. Por quê? Simplesmente porque a atualidade é fruto daquilo que nos idos de antanho foi cultivado. Agora, se nosso intento é vislumbrar algo que ocorrerá nos dias que em breve virão, deveríamos, também, examinar o presente, porque o hoje é a semente daquilo que está por vir. Resumindo o entrevero: tanto o que já passou quanto o que está por vir, têm suas raízes, profundas ou superficiais, deitadas nos fatigados átrios de nosso coração que pulsa intensamente no momento de agora.

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Qualquer um que decida adentrar na arena política, deve ter em mente que um grupo organizado é uma pedra fundamental, indispensável. O partido, ou o movimento, devem ser como um time que trabalha em prol duma finalidade comum. Por isso, penso eu, que seria uma grande imprudência participar deste jogo sem contar com uma força política organizada. Se alguém que entra na luta política fazendo pouco caso da organização de seus quadros, desdenhando a importância da formação [continuada] duma militância, ignorando o espírito de equipe, a luta pelo poder perde totalmente o seu foco, seu propósito; e, goste-se ou não, aquelas boas razões que, no princípio, poderiam ter motivado algumas pessoas bem intencionadas a lutar pelo poder, acabam se dissolvendo e perdendo toda a sua fibra moral, caindo no marasmo da vida cotidiano e, por sua deixa, tudo termina por ser instrumentalizado por toda ordem de grupelhos de oportunistas de plantão que, organizados ou não, neste nosso triste país, abunda em todos os seus cantos e rincões.

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Lutar por uma causa, defender uma bandeira ou uma ideologia, em si, não é feio não. O que é tremendamente ridículo é fazer da defesa dum trem desse naipe sua profissão de fé ou, pior, deixar-se fazer de bobo, por lobos em pele de cordeiro, para poder sentir-se parte duma matilha [organizada ou não] para obter uma relativa e duvidosa segurança psicológica. Enfim, defendamos o que, por bem ou por mal, avaliarmos como sendo correto e desejável, mas não abdiquemos, jamais, da autonomia da nossa consciência; não coloquemos uma convicção de momento, ou uma ideologia de ocasião, no lugar do trono da verdade no palácio da nossa consciência.

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Não tenha medo do ridículo. Tema, sim, a deslealdade para com Deus e a infidelidade para com sua consciência. Isso sim, meu amigo, é temível. O ridículo, não.


Escrevinhado em 18 de setembro de 2019,
por Dartagnan da Silva Zanela.
Do fundo da Grota: http://zabela.blogspot.com



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