REFLEXÕES IMPRUDENTES

 

Há muitas pessoas que ficam aqui e acolá defendendo a [i]legitimidade de todo o blablablá malicioso que ecoa através dos meandros da grande mídia. Sim, é um direito que lhes assiste, mas não deixa de ser um porre. E tem outra: é lamentável. Isso mesmo! É lamentável o estado pútrido a que chegaram nossos jornais, bem como a malignidade, a vulgaridade e a hipocrisia daqueles que para eles escrevem. Ponto. Detalhe: essa observação não é minha não. Ela foi feita por Thomas Jefferson em 1787, porém, ao que me parece, ela continua atualíssima.

 

[ii]

Pedro Aleixo, vice-presidente do Marechal Costa e Silva, dizia que em uma ditadura o que ele temia não era a figura do ditador, mas sim, a do guarda da esquina. Muito tempo antes dele, e de maneira mais sisuda, Gustave Le Bon havia dito que um ditador seria tão só e simplesmente uma ficção; que a real dominação seria disseminada e exercida através duma rede de subditadores anônimos, anódinos e irresponsáveis cujo despotismo e corrupção rapidamente seriam capazes de transformar  a sociedade numa verdadeira sucursal do inferno. Infelizmente, atualmente temos muitos desses tipos anônimos dando de dedo na cara dos outros, ou futricando pelos cantos, em nome da saúde pública e do bem estar de todos.

 

[iii]

Todos nós devemos obediência a um senhor. Não temos como escapar disso. Porém, podemos escolher quem será o senhor que iremos servir. Podemos, por exemplo, escolher render homenagens aos nossos caprichos e desejos miúdos, que facilmente podem ser manipulados, ou podemos nos curvar diante do altar da nossa consciência, onde a verdade habita, para alumiar e dissipar as sombras que se fazem presentes em nossa alma.

 

[vi]

Não existe nada mais extraordinário na face da terra do que viver intensamente cada momento da vida ciente de que cada um deles ecoará por toda a eternidade.

 

[v]

As redes sociais estão cheinhas de valentões digitais que, se fossem colocados na frente das pessoas que são alvo de sua bile, na mesa de um bar, iria se despir de seus andrajos virtuais e agiria como uma pessoa diante de outra que, até então, era apenas uma imagem sob a qual ela focava seus impensados ataques. Enfim, um dos grandes problemas do mundo contemporâneo é que temos muitos perfis em redes sociais e poucas mesas de bar para sentarmos e realmente conversarmos.

 

[vi]

Há por aí muita gente boa interessada nesse trem fuçado chamado de “identidade nacional”, outros estão focados numa tal de “vocação do país”. Também temos aqueles que refletem pra caramba sobre o chamado “mito fundador” e, é claro, há aqueles que confunde uma coisa com outra. Muitos podem achar isso ruim; eu, de minha parte, não. Creio que isso tudo é sinal de que estamos procurando quem somos e querendo saber qual o nosso lugar na história da humanidade. Se vamos encontrar ou não uma resposta plausível para nossas inquietações são outros quinhentos. E, assim o é, porque é na jornada que se forja um fecundo mito fundador, que dá forma para uma vocação que, por sua deixa, reflete uma luz singular que poderá ser o sinal através do qual nos identificaremos e, por meio dele, seremos conhecidos.

 

Escrevinhado por Dartagnan da Silva Zanela.


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